Nas redes sociais apresenta-se uma receita de uma máscara facial caseira que, alegadamente, torna a “pele 10 anos mais jovem”. Segundo os autores de várias publicações, esta “alternativa natural” é preparada com uma colher de creme hidratante da marca Nivea e café em pó ou borras de café.

O método de utilização aconselhado é simples: “Depois de obter uma mistura bem homogénea, aplique-a no rosto limpo e seco com leves massagens”. 

O autor do post recomenda ainda deixar a máscara atuar “por 15 minutos”, enxaguar “bem”, e, por fim, aplicar “um hidratante ou um pouco de óleo de coco na pele”.

Mas será esta receita caseira eficaz? É verdade que o creme Nivea e o café são eficazes a reduzir as rugas e as manchas da pele, como é alegado nas redes sociais?

Máscara de Nivea e café reduz rugas e manchas da pele?

A utilização desta máscara de creme Nivea e café não vai rejuvenescer a pele. Ao Viral, Alexandra Osório, dermatovenereologista especializada em dermatologista estética avançada e em cancro cutâneo, explica que “não há evidências científicas” que comprovem que a junção de creme Nivea e borras de café torne a pele mais jovem.

No entanto, a utilização do café poderá aumentar os níveis de “esfoliação” e, por essa razão, “aumentar a penetrabilidade dos constituintes do creme Nivea” na pele, explica a especialista. 

“A esfoliação feita pelo café retira as camadas superficiais da epiderme que têm manchas, o que diminui a quantidade de melanina in loco”, prossegue a especialista. Esta atuação poderá “diminuir a quantidade de melanina visível a olho nu”.

É importante sublinhar que esta não é uma característica especial do café, mas sim da esfoliação. Existem vários produtos esfoliantes no mercado que foram testados e verificados cientificamente.

A utilização de café como exfoliante é muitas vezes promovida nas redes sociais, mas a evidência científica sobre os efeitos é ainda muito reduzida. 

Em 2019, um grupo de investigadores analisou a capacidade esfoliante do café em três fórmulas diferentes, concluindo que as borras de café “podem ser usadas para desenvolver creme corporal esfoliante, obtendo um produto cosmético com esfoliante e propriedades antioxidantes”.  

Por outro lado, uma revisão sistemática publicada em 2021 chama a atenção para a reduzida quantidade de estudos sobre os efeitos do café para a cosmética. 

Dos 52 estudos analisados pelos investigadores, apenas 10 tinham sido realizados em humanos, num total de 309 participantes. Apesar de haver evidências promissoras, é preciso realizar mais estudos.

Além disso, é importante lembrar que os cosméticos e esfoliantes caseiros pode representar um risco para a saúde da pele, principalmente se existirem lesões prévias, alergias ou sensibilidade a determinado composto.

Alexandra Osório sublinha que estes produtos devem ser evitados “em doentes com dermatite seborreica, eczema, psoríase, lúpus cutâneo, rosácea ou qualquer doença da pele com ferida ou processo inflamatório. 

Deve também evitar-se após uma exposição solar prolongada e após qualquer procedimento cosmético ou estético.”

A busca por uma pele jovem e sem rugas move milhares de mulheres e homens a comprar cosméticos, mas a dermatologista lembra que os resultados vão sempre depender de dois fatores: “do grau de envelhecimento” e do “tipo de pele” de cada um. 

Numa pele seca, “os cosméticos devem ser hidratantes para que permitam à pele ter elasticidade e flexibilidade aquando dos movimentos, sem criarem pregas cutâneas definitivas” – as chamadas rugas. 

Por outro lado, uma pele mista ou oleosa “precisa de se manter hidratada com cosméticos adequados ao tipo, uma vez que as rugas não aparecem com facilidade”. Pode ser necessário recorrer a esfoliantes, caso o envelhecimento da pele seja já acentuado.

Em conclusão, a utilização de creme Nivea com café não vai tornar a pele “10 anos mais jovem” como é alegado na publicação. No entanto, as borras de café podem ter, eventualmente, uma ação esfoliante, o que aumenta a absorção do creme pela pele.

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Este artigo foi desenvolvido no âmbito do European Media and Information Fund, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e do European University Institute.

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